Quem não se arrepia com a palavra Bruxa e sua associação à terrível perseguição das mulheres rotuladas como feiticeiras e condenadas à morte durante a Inquisição da Idade Média?
A pergunta que não quer calar: Como as Bruxas chegaram ao Halloween?

A origem do Halloween
O que chamamos hoje de Halloween tem sua origem em um dos 4 mais importantes festivais do fogo celebrados pelos antigos povos celtas que foi transformado e transfigurado com a ascensão da igreja católica e o seu hábito de apoderar-se de antigas culturas espirituais para reduzi-las ou dizimá-las.
O Festival de Samhain celebrado em Glastonbury. Fonte: reprodução History.com
Na região em que atualmente é Irlanda e Escócia era celebrado o ‘Samhain’, uma das 4 mais importantes festividades do fogo. Acontecia no ponto médio entre o equinócio do outono (23 de setembro) e o solstício de inverno (21 de dezembro), 31 de outubro, inaugurando a fase mais escura do ano do hemisfério Norte.
O Samhain celebrava também o final da colheita e os celebrantes acreditam que nesse momento as barreiras entre o mundo físico e o mundo espiritual reduziam-se, permitindo mais interação entre humanos e habitantes do Outro Mundo. Por isso, eles prepararam oferendas e as deixavam fora das vilas e campos para fadas, ou Sidhs. Por esse motivo, os celtas se vestiam de animais e monstros para que as fadas não fossem tentadas a sequestrá-los. Alguns monstros específicos foram associados à mitologia em torno do Samhain, nenhum deles relaciona-se com bruxas.
A transição do Samhain para Halloween
Quando o cristianismo se estabeleceu nas comunidades ditas ‘pagãs’, os líderes da igreja tentaram reformular o Samhain como uma celebração cristã. No Século X o papa Bonifácio determinou o dia 13 de Maio como Dia de Todos os Santos e Mártires. Sem sucesso, já no século IX, o papa Gregório voltou a data à época dos festivais de fogo, mas declarou o Dia de Todos os Santos em 1º de novembro e Dia de Todas as Almas aconteceria em 2 de novembro.
Com a gradual transformação do Samhain em ‘Halloween’ – palavra derivada da contração do termo escocês All Hallows’ Eve, que significa véspera do Dia de Todos-os-Santos, data comemorativa do calendário cristão – novos símbolos e significados foram adicionados à festividade. Aproveitando-se do caráter de terror e medo presente no original celta, associou-se outras figuras temidas mais recentemente: bruxas, zumbis, gato preto, vampiros, etc…
As bruxas chegam ao Halloween

Há rumores também de que foi a indústria de cartões acrescentou a figura de bruxas para o Halloween no final do século XIX, apostando que elas seriam uma boa representação visual para o feriado macabro.
Eu diria que macabra é essa ideia de colocar o mito da bruxa a representar uma festividade espiritual celta que nada tinha a ver com feitiços ou a existência do diabo. Por mais inofensiva que essa associação das Bruxas com o Halloween possa parecer, reforça antigas ideias de maldade, pecado, diabo, obscuridade do feminino que nós devemos desvelar.
Celebre o Halloween da forma como quiser, mas deixe as bruxinhas pra lá! Afinal, elas não tem nada a ver com 31 de Outubro 🙂
No responses yet